quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Caio Vianna Martins


Escoteiro Símbolo do Brasil

"O Escoteiro caminha com as próprias pernas"

Ao final do 1938 uma delegação do Grupo Escoteiro "Afonso Arinos", de Belo Horizonte, formada por 6 lobinhos, 12 escoteiros, 3 pioneiros e 2 chefes, embarcou no trem noturno em direção a São Paulo, numa excursão técnica-cultural que marcava o encerramento das atividades do ano. A composição estava formada por 11 carros. O carro do meio, 1a classe, era ocupado pelos escoteiros. A viagem transcorria normalmente. Às 2 horas e 5 minutos da madrugada do dia 19 de dezembro, descendo a Serra da Mantiqueira, entre as pequenas estações de Sítio e João Aires, o Noturno chocou-se com um cargueiro que subia. Com o choque muitos carros descarrilaram, outros engavetaram e alguns se desmontaram. O carro a frente do ocupado pelos escoteiros saltou dos trilhos e atravessou para a direita. Contra ele foi o carro dos escoteiros, engavetando-se e partindo, deitando-se contra um barranco e sendo comprimido pela pressão dos carros restaurante e leitos. Na noite escura os escoteiros foram reunidos pelos chefes em ponto da estrada. Percebeu-se a ausência do escoteiro Gérson Issa Satuf e do lobinho Hélio Marcos de Oliveira Santos. Na procura foram encontrados mortos. Com o desastre estabeleceu-se o pânico. Liderados pelos seus chefes - Clairmont Orlando Gomes e Rubens Amador, os escoteiros passaram a socorrer os feridos, confeccionando macas com lençóis e paus, e providenciando uma fogueira com tábuas retiradas dos vagões, facilitando o trabalho de resgate e socorro. As 7 horas da manhã chegou ajuda externa. Os passageiros feridos, inclusive os escoteiros, foram transportados para Barbacena. Vítima do choque, o escoteiro Caio Vianna Martins, de 15 anos, recebeu forte pancada na região lombar. Retirado do carro pelos companheiros apresentou grande melhora, parecendo resistir ao impacto. Quando o socorro chegou, e o quiseram colocar numa maca, Caio apontou para as vítimas que pareciam em estado mais grave dizendo: "Há muitos feridos. Um escoteiro caminha com as próprias pernas" E caminhou, para cair a uns cem passos adiante. Morreu horas mais tarde, em conseqüência do rompimento de vísceras e um grave derrame interno. O fato teria passado desapercebido, não fosse o testemunho de dois homens públicos - Alcides Lins e Otacilio Negrão de Lima, que impressionados com a ação dos escoteiros, no socorro aos feridos, e com o gesto de desprendimento de Caio Martins, levaram aos jornais o que tinham assistido. Elegia-se, assim, Caio Vianna Martins como o escoteiro símbolo do Brasil.

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